segunda-feira, 28 de julho de 2008

São Paulo parla Italiano

É impossível não reconhecer um paulista falando em algum lugar do Brasil, eu nunca tinha percebido isso por conviver diariamente com o dialeto, mas é só ir para outro estado, que lá vem as gracinhas: "Orrrra, meu!"

Dialeto?? Sim, nós paulistas falamos um dialeto que mistura o português com o italiano e outras misturas de linguas latinas, mas o italiano é muito mais presente do que as outras. Há uma forte influência italiana no modo de falar do paulistano, não só nas frases, palavras, mas também no jeito de se expressar, as vezes usando as mãos para falar, ou até a forte entonação das frases e a gritaria na reunião familiar.

Nós temos cerca de 300 vocábulos de origem italiana que foram incorpodaras ao nosso vocabulário: cantina, caricatura, cascata, fiasco, bandolim, camarim, concerto, maestro, piano, serenata, confete, macarrão, mortadela, etc...
O mais popular deles é o "ciao", transformado em "tchau" no Brasil inteiro.

No início do século a concentração de italianos na cidade era tão grande que nos bondes, ruas, comércio e indústrias, alguns dialetos italianos eram tão ouvidos quanto o próprio português. São Paulo era "Zan Paolo", queijo tornou-se "formaggio" e trabalho era "lavoro".

Também temos muitas palavras que não só significam a mesma coisa como também se escrevem da mesma forma, como: Paura (medo), Pizza, spaghetti, carpaccio, Imbroglio (problema), fogazza, pasticcio (bagunça, mistura), calzone e polenta.

Por falar em Polenta...Come fare la Polenta:






Esse vídeo me lembra alguns Domingos na chácara do meu tio quando nos reuniamos para o almoço da nonna. Assim como a polenta, a nonna fazia o macarrão em casa, cortado naquela máquina com uma engrenagem manual, completamente artesanal.

Era muito normal ouvir alguns palavrões em italiano (Parolaccie), quando ela fazia alguma coisa errada ou errava no ponto da pasta: "Porca madonna!" ou "Porca miseria!". Quando uma das minhas tias errava no corte do macarrão, ai então era pior: "Ma é una pazza!" (pronuncia-se Patsa e quer dizer tonta, louca). Outra expressão muito usada pra denominar os meus tios (zio em italiano) era a palavra "Impiastro!" (quer dizer que alguém é muito chato, pentelho)

A nonna não costumava falar os palavrões mais pesados, mas meu pai e meus tios não deixavam barato nas reclamações: "Ma che caspita!!", "Maledetta!!" e "Cazzo!!"(pronuncia-se Catso), eram os mais leves.

Existem também muitos outros palavrões e palavras italianas sendo usadas em São Paulo, impossível relacionar todas, mas fica muito claro a quantidade e a influência de cada uma no cotidiano paulistano.

Sempre quando posso, compareço ao Palestra Itália para ver meu time jogar, não sou fanático, mas acompanho sempre o futebol. Lá é um dos melhores lugares de São Paulo para aprender alguns palavrões em italiano, pricipalmente quando os torcedores referem-se aos juízes: "Vaffanculo!".

Este video aqui mostra um pouco do jeito de falar dos italianos, falar com as mãos...



terça-feira, 22 de julho de 2008

Dicas para buscar nossas raízes

Achei na web este site que tem uma função interessante, principalmente para a nós descendentes de italianos, que buscam pessoas e locais na Itália que referem-se aos nossos antepassados.

http://gens.labo.net/it/cognomi/

Com o sobrenome no campo de busca, ele localiza no mapa da Itália, as regiões onde apresentam as maiores concentrações de pessoas da mesma família. É só colocar o sobrenome no campo "cognome" no menu do lado esquerdo e pronto!.

Fiz uma busca com o meu sobrenome: Della Negra.
Este é o mapa apresentado:




Não sei bem como é o exato funcionamento desta ferramenta, mas acredito que ela busca em todas as listas telefônicas da Itália (le pagine bianche) procurando os sobrenomes e através do CEP, consegue identificar o local no mapa, nada muito preciso, mas interessante para ter uma nocão de ocupação territorial da família.

Caso seja esse o funcionamento, lógico que não dá para localizar e ter uma noção de onde os verdadeiros ascendentes italianos nasceram ou viveram quando deixaram a Itália para viver no Brasil. Esse mapa mostra a localização atual das famílias que vivem por lá, portanto nem sempre eles estarão onde os ascendentes estiveram, ainda mais porque o povo italiano sempre foi muito adepto à novas aventuras, por isso é compreensível que eles acabaram mudando para outras regiões ao longo desse tempo, não necessariamente estão hoje onde efetivamente nasceram, aliás dificilmente estão.

O meu sobrenome não é tão conhecido assim na Itália, por isso o efeito no mapa fica mais interessante e é muito mais clara a localização dos meus familiares.
No caso de um sobrenome mais popular, como por exemplo "Martini", o efeito no mapa é uma superpopulação de pontos e círculos, mal dá pra ver a divisão das comunes, difícil de identificar como você pode começar a procurar alguem na Itália.
Se o objetivo for este, a melhor solução é fazer uma busca nas páginas brancas da Itália, correspondente as nossas listas telefônicas brasileiras.

http://www.paginebianche.it

Você pode fazer uma busca pelo sobrenome, para isso use o campo "cognome o azienda", ou por uma região ou comune da Itália, use o campo "dove".
O resultado é uma lista de pessoas com endereços e telefones organizados por região.
Com essas ferramentas fica mais fácil fazer uma busca por lá mesmo para quem não domina a língua italiana.

O caminho de buscar as próprias raízes, acontece muitas vezes por uma simples curiosidade sobre os nossos ascendentes: como viveram, quem eram, de onde vieram, como eram, como viveram e assim por diante. Mas acho que a verdadeira busca acontece quando você começa a fazer reflexões de si mesmo e percebe que alguns comportamentos da sua personalidade só podem ser explicados através da sua hereditariedade.
Calma, vou explicar.
Por exemplo, uma pessoa que é descendentes de suecos tem em seus genes algumas características de mais resistência ao frio, consequentemente menos ao calor, isso significa que os seus hábitos podem ou não mudar de acordo com essa característica.
Imagine essa pessoa morando na Bahia? Com certeza ela vai sofrer mais com a presença do calor do que qualquer outra, isso pode afetar no seu comportamento, como por exemplo, odiar ir à praia. Isso é apenas um exemplo, mas é lógico que o ambiente também contribui para a mudança de comportamento das pessoas.
Mas não é este o meu caso, apenas estou tentando explicar como a hereditariedade pode afetar no comportamento, e é isso que fico me perguntando quando acho maravilhoso tomar uma taça de um bom vinho em pleno verão paulista.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

São Paulo que o paulista não conhece

São Paulo tem algumas coisas maravilhosas para ver e conhecer, apesar de ser conhecida como uma cidade feia, ela tem a sua beleza, nada comparado ao Rio de Janeiro com suas belezas naturais, mas aqui temos muitas coisas ainda inexploradas pelos nossos olhos. Inexploradas, e despercebidas, díficil enxergá-las com o caos do dia-a-dia.

Encontrei este site que mostra uma visão bem diferente da cidade em 360 graus, aquelas coisas que passando no lugar pessoalmente você não consegue ver:

http://www.br360.com.br/

Algumas visões são realmente bem legais, não sei se foi feito um "photoshop" pra limpar alguns defeitos e realçar alguns cenários da cidade, mas é bem legal, nem parece que é real.



Este outro site abaixo foi feito em comemoração aos 454 anos da cidade de São Paulo, com iguais 454 dicas para conhecer Sampa. São dicas pontuais como o endereço de cada local, bem prático e separado por tema, muitas coisas que vale conferir.

http://www.cidadedesaopaulo.com/454anos/

Também há muita coisa divertida pra a Italianada em Sampa, como provar a fogazza da festa de NOSSA SENHORA ACHIROPITA (ocorre em agosto, no Bixiga), ou visitar o Memorial do Imigrante, antiga hospedaria que abrigava os recém-chegados à cidade. Neste Museu consegui um documento que comprova a chegada da minha família em São Paulo, com data da entrada, idade e o nome de todos da família Della Negra, muito interessante.

Nós como Paulistas, temos a obrigação de conhecer alguns lugares e aproveitar algumas destas coisas que a cidade nos oferece.

Um dos finais de semana mais legais que tive em São Paulo, foi em um domingo de sol, quando fui ao Museu do Ipiranga, voltei realmente a minha infância quando fui obrigado a ir ao Museu como atividade escolar.
O Museu continua muito bem cuidado e ainda é muito interessante, o majestoso prédio e o belo jardim europeu logo em frente realmente impressionam.
Saindo do prédio, passando pelo jardim e descendo a rua em direção ao Monumento da Independência, muitas crianças patinando e andando de bicicletas, famílias sentadas na grama, fazendo o bom e velho picnic e alguns eventos culturais, shows, apresentações no percurso.
Sentado na grama, olhando aquele monumento á independência do Brasil, do lado direito, o casebre onde, segundo a história oficial, às margens do riacho Ipiranga, D. Pedro gritou: "Independência ou Morte!", veio uma pergunta na cabeça: Será que realmente somos independentes?
Domingão de reflexão, de história e diversão sem gastar muito.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Siamo tutti Italiani

É muito impressionante como existem muitas semelhanças entre nós brasileiros e os italianos, não só por causa da paixão pelo futebol e a macarronada de domingo na mamma, ma anche per altre cose...

Eu sou um pouco suspeito para falar deste assunto: paulista, viciado em pizza e vinhos, as vezes omito o "S" de concordâncias no plural, como o famoso "me vê 1 chopps e dois pastel" e, por fim, descendente de italianos.

O povo Italiano foi composto por várias e diferentes etnias e culturas. Antes, durante e depois do Império Romano, a península Itálica foi invadida diversas vezes por etruscos, gregos, celtas, sarracenos, normandos, plantagenetas, germanos, francos e lombardos.

Com tantas invasões, principalmente após a queda do império Romano, o domínio territorial passou a dar lugar ao domínio cultural dos povos e a Itália acabou sendo dividida em vários reinos.

Assim como o Brasil, a Itália é uma mistura de raças e etnias. O nosso mesmo complexo de pátria de vira-latas cairia muito bem aos nossos amigos, mas nesse quesito eles foram além.

Atualmente, no Brasil temos 28 milhões de pessoas que são descendentes de italianos, correspondendo a 15,5% da população do nosso país. Só no estado de São Paulo, a maior colônia brasileira, somos 13 milhões de descendentes, correspondendo a 32,5% do estado.

Apesar dos Romanos, a Itália é uma país relativamente novo territorialmente, pois a sua atual área territorial foi definida apenas em 1861, quando Victor Emanuel II foi proclamado rei da Itália, mas só em 1870, Veneza e Roma foram incorporadas ao atual território, bem depois da independência brasileira em 1822.

Mesmo depois da unificação territorial, o povo italiano ainda era um amontoado de povos de culturas muito diferentes que habitavam a mesma península e que ainda seguiam seus próprios dialetos.

Apenas depois do fascismo italiano de Mussolini que a Itália começou a unificar o seu povo, obrigando todos os novos estudantes a falarem e a língua italiana e a desde cedo darem importância à história italiana. Lógico, que isso não foi com o propósito criar a identidade do país, para o ditador italiano, foi um modo de aumentar o seu poder unificando os meios de comunicação de massa, fazendo com que a comunicação através de uma só língua chegasse ao ouvido de todos. No Brasil, apesar de sermos unidos pela língua, faltou a importância da história dentro da nossa sociedade.

Mas a Itália esta muito longe ainda de tornar-se um país uniforme, assim como no Brasil, as diferenças regionais são enormes. Quando estive lá em 2007, em cada região da Itália ainda ouve-se o dialeto local, falado principalmente nos pequenos comércios. O Norte e o Sul parecem duas nações diferentes, como no Brasil, só que invertendo as regiões. Lá, o Norte e o centro são muito ricos e o Sul muito pobre.

Em minha experiência na Europa, uma coisa ficou clara: nós somos como os italianos no trânsito. Eu dirigi 7000 KM passando por 3 países, foi só quando passei a divisa entre a França e a Itália que tudo mudou. Fechadas nas estradas, buzinadas, faróis altos, muita "Italianada" na estrada, conforme o trânsito de veículos aumentava, a velocidade deles também. Assim como no Brasil, a faixa da esquerda não é deixada livre para carros mais velozes, como é na Espanha e na França, por sinal, muito mais organizado. Na chegada em Veneza, a loucura reinava em pleno Verão Europeu, muitos carros na pista, trânsito, calor, discussões e o acostamento sendo usado como faixa, igualzinho aqui.

Pois é amigos, não é à toa que o Milan é o time mais brasileiro da Europa, e o Palmeiras chamava-se Palestra Itália. As nossas semelhanças vão além dos gramados.

Não tenho cidadania italiana, mas gostaria de ter. O país é belo, o clima, as cores, o lixo, as discussões... É Europa, mas é com um pouco de Brasil ao mesmo tempo.

Este flash abaixo é muito bom e ilustra um pouco este texto.
Somos todos italianos.













ou no link:
http://tcc.itc.it/people/rocchi/fun/europe.html