sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Vinho Italiano Castello Maggiore Valpolicella

Meu objetivo agora é dividir tudo que encontro que é bom e barato, que vale a pena realmente consumir, afinal qual é o mérito de dividir com alguem um serviço ou produto que é bom e caro? Se a coisa é cara ela não pode ser boa, tem que ser ótima.

Isso não quer dizer que não aprecio produtos caros, consumo sim, por exemplo trouxe um Brunello di Montalcino, safra de 99, da Itália que custa por aqui uns R$ 100 reais a garrafa, este vinho realmente vale a pena, mas tenho tomado por aqui alguns vinhos na faixa dos R$ 50 reais que não valeram o investimento, nestes casos, fico com o bom e barato, o vinho do dia-a-dia.

Este é o caso do Castello Maggiore Valpolicella, que acabei conhecendo em um daqueles meus almoços em cantinas de São Paulo, ao pedir uma lasagna de berinjela, decidi beber uma taça de vinho italiano para acompanhar, e o mais indicado foi o Castello Maggiore Valpolicella, que por incrível que pareça, não é caro e esta na faixa de preço de um vinho sul-americano médio.

Gostei muito do vinho, a primeira impressão foi de ser um vinho mais suave que os outros italianos, chegando quase a suavidade dos vinhos Australianos ou Sul-Africanos.
Além de ser suave, ele é bem frutado e muito fácil de beber, acompanhou muito bem o prato, mas não deixa marcas muito fortes no paladar.

O Vinho Castello Maggiore Valpolicella, é da região do Vêneto, não é fácil de encontrá-lo aqui, não é vendido em supermercados, pelo menos não achei um que vendesse, ele é mais encontrado em restaurantes, mas é vendido em algumas distribuidoras de bebidas por um preço em média de R$ 22,00 a garrafa. Esse preço, é o que se paga por um vinho Argentino ou do Chileno simples, por ser um vinho europeu, ele está bem em conta, fazendo uma simples comparação.

Além da uva Valpolicella, este vinho também é vendido nas versões Merlot, Cabernet, Montepulciano d'Abruzzo, entre outras. O Merlot e o Cabernet cultivados na Europa, eu prefiro não arriscar, agora o Montepulciano parece ser bem interessantes.

Dica para comprar: Reluma

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Tetsuo Segui, um olhar diferenciado da cidade



Enquanto aguardava a minha mulher ser atendida, em um consultório médico de São Paulo, reparei em algumas fotos espalhadas pelas paredes, grandes fotos de São Paulo, com um olhar bem diferente da cidade, aquelas coisas que poucas pessoas conseguem ver.

O cardiotoco que ela fez para saber se o Bruno estava bem não demorou muito, mas deu vontade de ficar lá mais um pouquinho pra ver aquela mini-exposição, fiquei realmente impressionado com a qualidade das fotos, pra falar a verdade não parecia nem um pouco a cidade onde moro.

Assim que consegui, anotei o nome do fotógrafo, pois gostaria de conhecer um pouco mais do trabalho dele, mas acabei não achando muita coisa na WEB quando cheguei em casa.

Achei um material em baixa qualidade de uma exposição de fotos em comemoração dos 50 anos do Parque do Ibirapuera que ele fez, não eram as mesmas fotos que vi no consultório e a qualidade não ajuda muito, mas dá para ter noção de como a cidade é linda vista por este olhar diferenciado do fotógrafo Tetsuo Segui.

Vou procurar mais coisas dele, se achar, posto aqui.

Aproveitem:









O trabalho completo está aqui

terça-feira, 16 de setembro de 2008

La reggiana - Restaurante e Rotisserie no Brooklin

Provar uma pasta italiana não é tão barato assim para comer frequentemente em restaurantes aqui em São Paulo, quase todos eles são caros e 2 pessoas acabam deixando pelo menos 3 dígitos ao sair do local, isto falando em locais razoáveis, pois a alta cozinha italiana de São Paulo é uma das mais caras do mundo.

Esta diversidade de preços e qualidades é o que faz de São Paulo um dos maiores pólos gastronômicos da comida italiana fora da Itália.

Mas falando em comer bem e barato, a Rotisserie La reggiana é um restaurante com cara de padaria, fundado em 1967 pela família Fialdini, que faz pratos deliciosos e massas caseiras de ótima qualidade.

A casa fica na Avenida Morumbi na zona sul de São Paulo, durante a semana, na hora do almoço, a rotisserie tem um movimento intenso de pessoas que trabalham ali perto. Como o salão é pequeno, as pessoas podem sentar em um salão interno, que o acesso é feito pela cozinha, entre cozinheiros, panelas e fornos, ou até mesmo na mesa do gerente.

O local é simples, muito limpo, atendimento muito bom e recheado de antepastos (antipasti) como: sardela, azeitonas, patês variados, mozzarelas de bufala, pães italianos, abobrinha recheada de tomate seco, berinjela assada, cantucci, muitos doces, tudo pode ser pedido no balcão.

Os pratos individuais, pratos da semana, saem em média por 14,00 reais, a lasagna é muito boa, fresca e assada na hora, melhor ainda acompanhada por uma taça de vinho chileno (Aresti cabernet sauvignon 2005) que sai por 6,00 reais. Ainda há uma variedade muito grande de massas, todas feitas na casa, especialidade da casa.

Qualidade e preço, uma boa opção para comer uma pasta durante a semana, sem ficar com o peso na conciência depois de passar o cartão no caixa, mas cuidado para não passar muito pela cozinha para não ficar defumado.

La reggiana - Restaurante e Rotisserie

Av. Morumbi, 8567
Brooklin - São paulo
Tel: 5095-9900

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

História da Famiglia Della Negra - parte II

Ahhhaaaah! Meu filho acabou de nascer! Bruno Della Negra, dia 22 de agosto de 2008, bonitão, com 2 semanas e já tem cara de moleque, nasceu com 3,700 kg e 51 cm, às 16h56min. **

Em comemoração a este novo membro da família, continuarei a contar aqui a história da italianada que chegou no porto de Santos pra trabalhar em São Paulo e que trouxe o sobrenome que ele levará pelo resto de sua vida.


Veja aqui a primeira parte desta história - História da Famiglia Della Negra

Depois de conseguir alguns indícios da origem da família, decidir fazer a viagem a Europa, não só para conhecer a Itália, mas aproveitar e conhecer a Espanha, já que também tenho sangue espanhol por parte de mãe. Impressionante como apesar de ser mais espanhol do que italiano, sou neto de espanhois e bisneto de italianos, o sobrenome que carrego me faz muito mais italiano do que espanhol, no meu caso, o sobrenome define muito mais a minha origem do que o meu sangue.

Minha idéia inicial era chegar em Madrid e de lá alugar um carro para ir até Roma, passando por várias cidades da Espanha, França e Itália.
Foi o que fizemos, 30 dias conhecendo cidades dos 3 países: Na Espanha: Madrid, Toledo, Segovia, Sevilla, Granada, Almeria, Peniscola, Valencia, Barcelona. Na França: Avignon e Mônaco. Na Itália: Castell' Arquato, Verona, Montecchio Maggiore, Arzignano, Venezia, Firenze, Greve in Chianti, San Giminiano, Siena, Montalcino e Roma.

A viagem simplesmente foi maravilhosa, perfeita em cada detalhe de cada lugar que conhecemos, mas quero contar um pouco mais de um lugar especial e que faz parte da minha história: Montecchio Maggiore, uma cidade muito pequena que fica próximo de Vicenza e de Verona.

Ao chegar em Montecchio Maggiore, a primeira coisa foi procurar um local para dormir, algo que fosse barato para passar apenas uma noite. Achamos uma pensão com um restaurante em baixo por 50 euros para o casal com café da manhã, e ficamos por lá.

Como toda cidade pequena da Itália, é muito tranquila sossegada, muitos poucos carros na rua e uma pequena praça central com uma bela igreja que tem uma torre de sino muito alta.

Por incrível que pareça, esta cidade é conhecida na Itália por causa da história do Romeo e Giulietta.

Existem 2 castelos medievais ficam um do lado do outro no topo de 2 montanhas, Um deles é o castelo dos Montecchio e o outro castelo é dos Capulettos, do nosso quarto dava para ver os dois, a imagem é realmente impressionante, parece que colocaram os castelos lá de com a mão.

Dizem por lá que estas 2 famílias realmente existiram e a história de William Shakespeare é verdadeira. Aliás é um insulto se você desconfiar da autencidade dessa história em Montecchio Maggiore. Diferente de como é conhecido, não é em Verona o verdadeiro lugar da história dos dois amantes. Em Verona apenas existe a Casa di Giulietta, mas é em Montecchio Maggiore que ficam os castelos das 2 famílias inimigas.





Mais legal ainda é que dentro destes castelos são feitos alguns eventos que toda a cidade comparece, por exemplo, quando estavamos por lá, estavam passando algumas sessões de cinema a céu aberto dentro do Castello di Romeo. Além de cinema, os castelos abrigam peças de teatro e algumas festas locais. Em uma das noites que passamos lá, fomos jantar no restaurante que fica dentro do Castello di Giulietta, maravilhoso e caro, mas vale a pena pelo clima de romance que paira no ar, restaurante que funciona só a noite e que depois vira uma balada, muito frequentada pelos moradores.

Bom, mas o meu principal objetivo de estar lá não era conhecer os castelos e sim ir até a Comune di Montecchio Maggiore para tentar procurar a certidão de nascimento do meu bisavô, Giuseppe Della Negra, que poderia ter nascido lá, já que seu irmão nasceu.

Fui até a prefeitura e entreguei um papel com um pedido formal a comune solicitando o documento e protocolei o pedido, foi o máximo que consegui lá. Havia uma fila de pessoas tentando protocolar outros documentos, não iria gastar meu tempo em filas na Itália, mas consegui pelo menos o protocolo.

Outra tentativa minha foi buscar na igreja principal da cidade o livro de batismo da década de 1890 para tentar buscar o nome dele, mas entrei na igreja sozinho, não havia ninguem dentro, procurei o padre naquele ambiente sombrio e aquele silêncio mórbido e não consegui encontrar nenhum ser vivo, acho que nem os mortos estavam por lá.

Fiquei um pouco decepcionado por não conseguir nada além de um documento protocolado e uma boa impressão da cidade, nenhuma certidão, nenhuma dica a mais. Sentei em um café ao lado da igreja e fiquei ali olhando aquela cidade pacata, aquele silêncio, e agora?

Depois de 1 dia e meio na cidade decidimos seguir viagem, mas antes queria checar uma coisinha ali perto.
Dirigi por quase 20 KM até chegar em Arzignano por um caminho lindo, uma estradinha pequena e cheia de vinícolas. Decidi passar por lá pois tinha ficado muito curioso sobre o texto de uma casa de veraneio que fica lá.

Veja aqui o texto que eu traduzi e a primeira parte desta história - História da Famiglia Della Negra

Chegando em Arzignano, liguei de um orelhão para o dono da casa que consegui na internet. Logo fui contando a história a ele sobre a minha vontade de conhecer a casa. Ele ficou impressionado por saber que um Della Negra vindo do Brasil havia acabado de ligar pra ele em Arzignano.

Meu italiano não era tão afiado, mas deu pra explicar exatamente o que eu queria.
Em 15 minutos, depois da explicação de como chegar lá, fomos até a casa para conhece-lo.

O nome dele é Gustavo Mistrorigo, ele é um velhinho desajeitado que cultiva uva no terreno da casa. A casa é enorme e bem antiga, com móveis antigos por todo o lado, mesas de madeira maciça e tem até um fogão à lenha na cozinha.


Parecia que eu estava no século XVII, a casa muito bem cuidada tinha alguns artefatos que pareciam de um museu.
No porão da casa ficava um tonel gigante de carvalho e os equipamentos para fazer o vinho que ele mesmo fazia com as uvas que plantava e colhia no quintal. O tonel devia ter a capacidade de uns 500 litros, ele disse que o tonel foi colocado lá no porão antes de contruírem a casa, fazia sentido, porque não havia como passar aquele tonel gigantesco pela porta.

Papo vai, papo vem, com ele e a mulher dele, tomando um vinho branco espumante de sua própria fabricação, fiquei sabendo que a família Della Negra foi uma família nobre naquela região e que tiveram muitas posses. Hoje em dia ele não conhece mais ninguém da família, desde quando a família Mistrorigo tomou posse daquela casa que ele não ouve falar de um Della Negra.

Inclusive, na história que ele conta naquele texto da Internet e que seus avós contaram para ele, a família Della Negra havia sido extinta por uma maldição da igreja, por isso o espanto dele quando eu liguei e disse que era um Della Negra vindo do Brasil!

Ficamos conversando por algumas horas, ele curioso sobre o Brasil e como os Della Negras haviam chegado tão longe, e eu louco para saber mais da minha família.

O casal de velhos ficou tão espantado que pediu para tirar algumas cópias dos documentos do meu avô e do brasão da família, ele queria deixar lá guardado de recordação, uma prova viva de que a família não havia sido extinta, histórias da inquisição.
Dava pra ver o espanto nos olhos do casal, acho que até hoje eles não entenderam nada do que aconteceu naquele dia, o casal de velhinhos da pacata cidade de Arzignano estava simplesmente atônitos com a minha história e de como eu encontrara aquela casa.

Eu estava mais espantado ainda, respirando o ar que um dia foi respirado pelos meus antepassados, bebendo o vinho que passara pelo tonel que um dia eles também beberam, incrível!

Aquele dia ficou pra sempre na minha memória, ainda lembro de cada momento, cada minuto que estive lá. Uma experiência que não dá para esquecer nunca mais.

Ainda espero um retorno de Montecchio Maggiore sobre os documentos do meu bisnonno, apesar de querer ter uma prova, algum documento dele, acho que depois dessa viagem, qualquer coisa já é lucro, afinal, eu já havia conhecido muita coisa que nunca imaginei conhecer sobre mim.


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**Este texto é uma homenagem ao meu filho, Bruno Della Negra, que acabou de nascer e que um dia vai querer descobrir as suas raízes, assim como o seu pai.