quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Coleção de fotos antigas de São Paulo


Muito legal esta coleção de fotos antigas de São Paulo feita pela Folha, como sempre, cada foto tem um significado especial para a cidade, mas o mais interessante é ver o progresso e recordar alguns pontos turísticos da nossa megalópole.

Olhando as belas fotos do começo do século, parecem que foram tiradas na Europa por causa dos enormes e majestosos casarões, da arquitetura européia que se instalou na cidade.

É uma pena que a maioria do que vemos nas fotos não foi preservado, muita coisa foi demolida para construir prédios mais modernos e o que sobrou esta atualmente deteriorado. Dos prédios antigos que sobraram na cidade, muito pouca coisa mesmo foi restaurada.

Ótima oportunidade para conhecer um pouco da história da nossa cidade, vale a pena ver todas as fotos:


Avenida Paulista no sentido Consolação - 1902
Vista da avenida Paulista, no sentido da Consolação, a partir do palacete de Adam von Bülow, situado entre as alamedas Campinas, que se vê no primeiro plano, e a Joaquim Eugênio de Lima. O palacete foi substituído pelo edifício Paulicéia, existente ainda hoje no local. No horizonte, o Morro do Jaraguá. A avenida foi inaugurada em 1891 com seus quase 3 km de extensão e 30 m de largura, por vários anos sem energia elétrica e sem calçamento e, em pouco tempo, tornou-se o ponto mais aristocrático da capital, reunindo a elite paulista, que ali construiu suas sofisticadas mansões.



Estação da Luz - SPR - 1902
Vista da Estação da Luz, tomada da Igreja de São Cristóvão, à época integrada ao Seminário Episcopal.
No primeiro plano, à esquerda, vê-se a passagem dos trilhos da São Paulo Railway sob o nível do pontilhão que leva à rua Brigadeiro Tobias, e as edificações da rua da Estação (depois rua Mauá). No centro, ao fundo, pode-se ver a torre da Igreja do Sagrado Coração de Jesus, situada à alameda Glete, nos Campos Elíseos. E, à direita, em primeiro plano o largo do Jardim, ponto inicial da avenida Tiradentes, seguido de parte do Liceu de Artes e Ofícios, obra de Ramos de Azevedo atualmente ocupada pela Pinacoteca do Estado, e o Jardim da Luz.



Clube de Regatas do Tietê - 1905
Vista do Clube de Regatas São Paulo, situado nas imediações da Ponte Grande (atual Ponte das Bandeiras). Fundado em 1903 às margens do rio Tietê, foi um dos primeiros centros esportivos da cidade, sendo sucedido em 1907 pelo Clube de Regatas Tietê.



Seminário Episcopal na avenida Tiradentes - 1905
Vista do Seminário Episcopal e Igreja de São Cristóvão, tomada provavelmente do Liceu de Artes e Ofícios (atual Pinacoteca do Estado). A edificação, situada no princípio da avenida Tiradentes, divisava com a rua São Caetano, à esquerda, e a estrada de ferro São Paulo Railway, à direita, onde confluíam as ruas da Estação (atual Mauá) e Florêncio de Abreu. O palacete que se vê na imagem, na esquina da Florêncio de Abreu, após o pontilhão, pertencia à Marquesa de Itu. O seminário, inaugurado em 1856, passou por inúmeras transformações, até que em 1927 teve demolida a ala direita da igreja, para abertura da atual rua 25 de Janeiro.




Largo da Sé, confluência das ruas 15 de Novembro e Direita. - 1912
Vista da rua 15 de Novembro, na confluência com o largo da Sé. No centro da imagem está o edifício da Casa Lebre, na esquina com a rua Direita, e a Casa Baruel, no edifício com a cúpula. No edifício da direita, funcionava o antigo Café Girondino.



Praça da República - 1915
Vista de uma das pontes metálicas da praça da República, ainda lá existente, apesar das inúmeras transformações ocorridas na praça.



Teatro Municipal - 1920
Vista do Teatro Municipal e da praça Ramos de Azevedo, provavelmente a partir do edifício da Light. Com as obras iniciadas em junho/1903, foi inaugurado em 12/setembro/1911 com apresentação da ópera Hamlet, diante de seus 1.816 lugares lotados e grande congestionamento de automóveis nos arredores.



Rua Líbero Badaró, sentido Praça do Patriarca. - 1920
Vista da rua Líbero Badaró, sentido praça do Patriarca, com as fachadas posteriores dos casarões e palacetes do vale do Anhangabaú.



Palacete Prates (Automóvel Club) no vale do Anhangabaú - 1920
Vista em perspectiva do Palacete Prates, a partir do Viaduto do Chá. Construído em 1911 e adaptado em 1913 para abrigar o Automovel Club, foi demolido em 1950. Atualmente, no local está o edifício Conde Prates, inaugurado em 1957.



Mosteiro de São Bento - 1920
Vista frontal do Mosteiro de São Bento e do largo de mesmo nome. O novo edifício, que substituiu o primitivo mosteiro, teve sua pedra fundamental lançada em 13 de novembro de 1910 e sua cerimônia de sagração em 1922. À direita pode-se ver o início da rua Florêncio de Abreu.



Largo e Rua de São Bento - 1920
Vista do largo de São Bento, em direção à rua São Bento e à Igreja de São Francisco, cujo frontão pode-se vislumbrar ao fundo. O casario que se vê à esquerda mantém-se até os dias de hoje com as mesmas características, da mesma forma ocupado por estabelecimentos comerciais. No centro, à esquerda, na esquina com a rua Boa Vista, vê-se o prédio do famoso Hotel d'Oeste, reconstruído após incêndio de 1901 e, à direita, área que fora do jardim, agora tomada pelos automóveis.



Rua 15 de Novembro - 1920
Rua 15 de Novembro, em direção à praça da Sé, tomada da praça Antonio Prado. Uma das principais vias públicas da cidade, onde se achavam luxuosos comércios, os mais elegantes pontos de encontro além de grande número de estabelecimentos bancários e profissionais, formava com as ruas Direita e São Bento o chamado "triângulo", região de grande concentração de lazer e negócios.



Vale do Anhangabaú. - 1927
Panorama do vale do Anhangabaú, com destaque para o edifício Sampaio Moreira, o "avô dos arranha-céus", entre os palacetes Prates. Em primeiro plano, à direita, vê-se trecho do antigo Viaduto do Chá e parte das obras do edifício da Light. À esquerda, pode-se ver as torres do Mosteiro de São Bento.


Todas as fotos são de Guilherme Gaensly

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

A Influência italiana em São Paulo

Certamente a influência dos descendentes do império romano em São Paulo é enorme, não só pela mão-de-obra, vontade de trabalhar, novos costumes, eventos, eles trouxeram também idéias anarquista e socialistas para a terra da garoa.

No início, a maioria dos imigrantes italianos acabaram indo para as fazendas de café do interior do Estado de São Paulo, principalmente aquelas cidades localizadas ao longo das ferrovias do Estado, para onde foram cerca de 90 por cento dos imigrantes que deixaram a Hospedaria do Brás.

As principais cidades que acolheram os imigrantes foram Campinas, Vinhedo, Jundiaí, Cerquilho, Salto, Itu, Tietê, Conchas, Jumirim, Piracicaba, São José do Rio Pardo e as 3 cidades que compõem o ABC paulista (Santo André, São Bernardo do Campo e São Caetano do Sul), todas elas ainda concentram uma enorme quantidade de descendentes de italianos. Pra se ter uma idéia, São José do Rio Pardo, por exemplo, chegou a ser considerada, uma cidade Vêneta (da região do Vêneto na Itália), dada a quantidade de italianos que se instalou lá na época.

Por causa do encolhimento dos lucros nas lavouras de café, e a dificuldade de encontrar trabalho na zona rural, muitos imigrantes começaram a ir para as zonas urbanas, a maioria acabou se espalhando pela capital em alguns bairros de classe operária como o Brás, Mooca, Bela Vista, Bom Retiro, Belenzinho, Canindé, Bexiga, Pari, Vila Carrão e Santana, alguns deles conhecidos por terem mais torcedores do Palmeiras do que do Corinthians. Os Napolitanos, por exemplo, ficavam mais agrupados no Brás, calabreses no Bixiga e venezianos no Bom Retiro.

Muitos deles já tinham profissões na Itália como ferreiros, marceneiros, fabricantes de massas, jornaleiros, tecelões, artistas, sapateiros, tintureiros, alfaiates e os "capomastri" (mestres-de-obra), que introduziram novas técnicas na construção civil e que, ao contrário dos anteriores, utilizavam tijolos de barro cozido em suas obras.

Com a vinda dos "capomastri", a demanda por este tipo de tijolo aumentou muito em São Paulo, e para suprir esta demanda, a região de Guarulhos abrigou várias olarias que produziam este tipo de tijolo.

O padastro do meu nonno chamava-se Caetano Coppini e junto com mais 2 de seus filhos (Irio e Armando Coppini), conseguiram uma autorização para explorar argila e assim criar uma destas olarias de Guarulhos.

Meu nonno, Antonio Della Negra, trabalhava na olaria diariamente e saia de São Caetano do Sul, onde morava, e ia até Guarulhos. Hoje o local deu o lugar ao aeroporto de Cumbica, uma grande distância hoje em dia, imagine na época.

Este decreto comprova a autorizaçao no diário oficial. (PDF)

"DECRETO Nº 29347, DE 12 DE MARÇO DE 1951. Autoriza os Cidadãos Brasileiros Irio Coppini e Armando Coppini a Lavrar Argila Refrataria No Municipio de Guarulhos, Estado de São Paulo."

Os "Capomastri" influenciaram muito na arquitetura da cidade, pois lideravam projetos e participavam dos desenhos das obras, muitos deles produzidos em cojunto com os artistas também italianos. Cerca de 90% de todos os monumentos paulistanos foram produzidos ou idealizados por italianos, e obras como o Teatro Municipal, o Palácio das Indústrias, o Mercado Municipal e o Liceu de Artes e Ofícios, foram todos edificados com a ajuda da italianada.

Os Italianos por serem grandes amantes de óperas, também ajudaram a erguer e encher os primeiros teatros paulistanos, um deles, o produtor Franco Zampari, foi produtor, fundador e diretor administrativo do Teatro Brasileiro de Comédia. Isso explica porque no reduto italiano da cidade, os bairros da Bela Vista e do Bixiga, são os locais da maior concentração dos teatros paulistanos.

Economicamente, os italianos foram importantíssimos para São Paulo, não só na construção civil, mas também na forma como participaram do processo de industrialização da cidade. Rodolfo Crespi e Francisco Matarazzo foram os 2 principais industriais italianos do país, sendo o último fundador do império Indústrias Reunidas Matarazzo, que chegou a ter 350 empresas.

Além dos patrões, os operários italianos com tradição anarquista ajudaram na organização dos movimentos sindicais trabalhistas, criaram uma consciência proletária nunca vista antes no país, resultando em greves no início do século. Daí surgiu a influencia na política em São Paulo, ajudando a fundar o Partido Comunista Brasileiro, atual Partido Popular Socialista (PPS).

Para abrigar toda a italianada em São Paulo e não perder as raízes italianas, a comunidade trouxe algumas festas e eventos típicos para a capital paulista que acabaram influenciando resto do país. Eventos como a tradicional festa da Paróquia Nossa Sra. Achiropita, Nossa Sra. de Casaluce e a festa de San Vito, são comemorados todos os anos em São Paulo.

Além da influência em nosso forte sotaque paulistano, agregando muitas novas palavras para o nosso vocabulário, não podemos esquecer da famosa cozinha italiana que se instalou por aqui com milhares de pizzarias e cantinas espalhadas por toda a cidade.

A comunidade acabou criando também colégios populares para alfabetizar as suas crianças. Os italianos fundaram o Colégio Dante Alighieri, na região dos Jardins, hoje em dia, um dos colégios mais bem conceituados do país.

Para ficar mais perto de sua terra natal, trouxeram a bocha e a malha, jogos praticados na Itália e os apaixonados pelo futebol fundaram clube Palestra Itália (Palmeiras) e o Clube Atlético Juventus.

A influência italiana na cidade é muito clara, esta espalhada por todos os cantos da cidade, desde monumentos até pequenas cantinas ou Osteria, como são chamadas por lá.

O Instituto Italiano de Cultura de São Paulo foi criado na cidade pelo governo italiano para manter vivas e reativar os valores da tradição e as ligações com a cultura da Itália.

Eles não conseguiram trazer toda a Itália para dentro de São Paulo, mas um pedaço dela, com certeza está aqui conosco.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Também tem coisa boa na música italiana

Muito engraçado como os Italianos são exagerados na música, hoje descobri um cantor italiano que faz aquele estilo pop rock bem meloso, com muitos arranjos e vários instrumentos, alguns deles muito mais presentes do que a propria voz do cantor. 

Isso mesmo, o nome dele é Matteo Della Negra, um Della Negra fazendo sucesso em Milão? Não sei se faz sucesso, mas até que pela produção do álbum, pode fazer... escute aqui.

Sinceramente, apesar de ser meu parente, non mi piace molto este tipo de música, acho que isso lá na Itália seria equivalente ao nosso Sertanejo, ou algo tipo Roupa Nova, bem pop mesmo, definitivamente não é a minha praia.

Quando estive lá ouvi muitas rádios, pois dirigi muito por toda a Itália e conheci acabei conhecendo muita coisa boa, como também muita coisa brega, aliás o que não falta lá são as músicas bregas.
Lógico que as rádios influenciam bastante o público, mas é na TV que os Italianos vão mais fundo ainda, pois existem muitos programas musicais, shows e apresentações de bandas, muito mais do que aqui no Brasil.
Uma vez vi um programa na RAI que era um show para a TV no sábado a noite, uma homenagem especial aos napolitanos com a presença de Sophia Loren e Pepino di Capri, simplesmente ilário.

Mas também há coisas legais e acabei trazendo 2 ótimos CDs - Negramaro e Zucchero.
A primeira, uma banda mais moderna com um cantor careca, bem no estilo do vocalista do Live, rock muito bom, que fazia muito sucesso por lá, principalmente esta música aqui: Parlami d'amore 

O Zucchero (que significa açúcar em Italiano) é um rockeiro mais tradicional da Itália, que faz muito sucesso lá e também fora, ele tem uma bela carreira internacional, incluíndo alguns sucessos aqui no Brasil, como Senza Una Donna, hoje, considerada um clássico brega dos anos 80.
A música que tocou muito lá e me motivou a comprar o CD, foi a Un Kilo, que mostra bem a sua voz rouca e a sua veia de rockeiro cinquentão.

O mercado brasileiro não tem muita vontade de consumir bandas que cantam em espanhol, mesmo rodeados de ótimas bandas sulamericanas, pois bem, não consigo imaginar o Brasil consumindo músicas em italiano. Mesmo sendo ótimas bandas, acho difícil conseguirem um lugar ao sol, mesmo aqui em São Paulo.