sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Imigração italiana mais forte que a colonização

Enquanto muitos países aproveitaram o seu domínio marítimo para colonizar territórios pelo mundo no fim do seculo XV, a Itália estava passando por uma grande transição e ainda estava procurando a sua identidade como nação.

Nesta época, o Império Romano já havia sucumbido e a enorme frota naval de seu Império Veneziano afundava lentamente, além disso, a Itália perdia parte do seu território da Península Itálica para a França com a invasão de Carlos VIII.

Estando muito inferiorizada perante seus concorrentes marítimos, a Itália não conseguiu dominar territórios pelo o mundo em um período extremamente favorável para a afirmação de um país como potência naval, enquanto isso, Inglaterra, Espanha, Portugal, França, Holanda e outros países travavam batalhas marítimas para dominavam mares e territorios pelo mundo, ampliando horizontes.

Lógico que a colonização de "terras virgens" não era apenas de cunho cultural, era uma colonização sempre predatória que buscava extração de riquezas e bases navais fora de domínios territoriais.

Apesar da Itália não ter participado desta corrida naval, hoje vemos muita influência italiana espalhadas pelo mundo, mesmo sem ter colonizado efetivamente nenhum território. Por que?

Os italianos não conseguiram espalhar a sua língua pelo mundo como fizeram a Espanha, Portugal e Inglaterra, mas a Itália conseguiu muito sem ter tirado um só navio de seu cais, comparando com o eforço dos demais países. Sabe como?

No fim do século XIX houve uma grande imigração italiana para vários países (EUAs, Brasil, Argentina, Uruguai, Austria, Alemanha, etc) devido a grande crise que antecedeu a primeira guerra mundial. Esses italianos não colonizaram os países de destino, mas sem tal pretensão, eles acabaram fazendo o que seus ancestrais não conseguiram através dos mares: levaram a cultura e os custumes italianos para fora da península itálica.

A herança que as comunidades italianas fora da Itália exerce em seus países é muitas vezes mais forte do que os países que os colonizaram, porque é mais recente e mais enraizada do que os colonizadores originais. Os colonizadores originais influenciaram a base do povo, víceras, os imigrantes italianos foram no coração do povo levando customes e tradições que são mantidos por filhos, netos, bisnetos, etc.

O povo italiano sempre foi muito ligado a arte, música, culinária, arquitetura e ao design, sempre com o bom tempero alegrea e de jeito espalhafatoso, muito fácil de ser absorvido e adaptado para outras culturas. Essas emanações italianas são altamente influenciáveis e se misturam facilmente com a cultura local, sem deixar vestígios.

A imigração italiana pelo mundo foi como uma colonização pacífica, não forçada e não planejada, naturalmente absorvida pelo povo que abrigara esta população sedenta de novas oportunidades.

Isso também ocorreu, de forma diferente e desproporcional, na imigração mexicana para os EUAs, além da influência da língua espanhola no cotidiano americano, eles acabaram absorvendo muitas tradições e comidas típicas do México. Assim ocorreu também com a Argentina, onde o povo tem muitos mais laços com o povo italiano do que com seus colonizadores originais, os espanhóis.

Seguramente vejo influência da colonização portuguesa no cotidiano paulista, mas acho que a imigração italiana é muito mais forte e presente do que qualquer outra intervenção exterior em São Paulo. Se eu pudesse quantificar essa influência, diria que em São Paulo temos algo como 60% de influência italiana contra 40% de outros povos (portugueses, japoneses, espanhóis, libaneses, etc), no caso do Rio de Janeiro a coisa é igualmente inversa, 60% de portugueses e 40% de outras povos.

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